sábado, 17 de janeiro de 2009

Melhor amigo?

Sempre escuto dizer “Ah não, amigo é amigo, principalmente fulaninho, ele é meu melhor amigo. Amigo mesmo, de verdade... e só.”. Grande coisa! Detesto esse “só” aí no fim da frase. Porque seu amigo não pode pular um estágio e virar seu namorado, esposo? Ora, Vocês nem precisam “se conhecer melhor” um já conhece o outro como ninguém, sabe como agradar e desagradar, conhece as histórias, as manias... É bem mais prático, você já tem mais de meio caminho andado. Mudei-me para o prédio que moro até hoje e, com apenas 6 anos, me senti muito só, os amigos que eu tinha estavam no meu prédio antigo. Lembro como se fosse hoje, mamãe desceu comigo para me apresentar as dependências do novo lar e, do nada, recebo uma baita bolada na cabeça. “Quem foi o louco que fez isso comigo?”, pensei. Tinha certeza que havia sido um garoto - só garotos eram grosseiros a ponto de machucar uma daminha como eu. Não chorei, nem podia. Eu era nova no lugar, as chances de fazer amigos era mínima, eu nunca fui tão sociável, e pioraria se me vissem chorando. Pensando bem, o garoto que fez um calombão na minha cabeça nem era tão grosseiro assim, ele até pediu desculpas e ainda me chamou pra jogar com os outros garotos no dia seguinte. Depois o maluco volto dizendo “Eiiiiiiiii, qual teu nome mesmo?” e eu disse que era Gabriela, mas que podia me chamar de Gabi, porque combinava mais com o meu tamanho. E assim começou: muitos jogos, brincadeiras [as vezes eu brincava de carrinho com ele e ele de boneca comigo, mas isso era em segredo], a gente ia pro shopping só brincar naquele brinquedo que atira que o Flavinho amava, ele me ensinou a andar de patins, foi tão legal... Só que ele viajou e eu fiquei morrendo de saudades. Mas calma, ele voltou logo, graças a Deus. As aulas começaram e foi aquela tristeza, porque ele ia fazer o 1º ano, e era em outra sede. Eu ainda estava na 7ª, e continuei naquele colégio dos pivetes. Era a primeira vez que a gente ia passar os recreios separados. Mas não importava muito, fora do colégio a gente continuava grudados. Ele até arranjou algumas namoradinhas, mas todas eram inseguras e morriam de ciúmes de mim. Nossa, que povo besta, nós éramos apenas amigos. No meu 1º ano fui pra sede dele, mas foi um ano difícil pra gente, ele ia prestar vestibular e tava todo tenso... Resolvi arranjar um namorado, mas não deu muito certo também, o Juca, esse meu namoradinho, ficou com ciúmes do Flavinho, chegou a mandar eu escolher entre ele e Flávio. IDIOTA! Alguma dúvidas sobre quem eu escolhi?! E ainda falei com todas as palavras: “Deixa eu pensar... Hum... FLÁVIO, LÓGICO E EVIDENTE QUE EU ESCOLHO O FLÁVIO, BABACA. Tchau”. Com o tempo, algumas coisas mudaram, a gente escolheu caminhos diferentes, mas a amizade ainda tava ali. Ele casou-se, fui até madrinha. Mas o casamento não deu muito certo, a vadia [desculpe os termos] era ninfomaníaca e traia o meu amigo adoidado! Quando Flávio descobriu, ficou arrasado e coube a mim consolá-lo. Também casei-me, até engravidei... Mas perdi o neném. Desiludi com o casamento e pus um fim. Pra completar Flávio foi pra Milão, foi morar lá. Ótimo hein... Que vida! (...) Uepa, parou! Tristeza na minha vidinha? Nem pensar. Resolvi fazer uma festa! Era meu aniversário, ia completar 30, mas meu corpinho era de 20, tinha que comemorar no estilo. E comemorei! Estavam todos lá, amigos, parentes, poitas... Contratei um Dj excelente, uma equipe de coquetéis do sucesso, decorei minha casa, ficou tudo maravilhoso. Estava tudo esplendido, inclusive a aniversariante, hehe. Posso dizer? Ninguém no mundo estava mais elegante e sensual que eu. Nossa, como aquele tubinho preto caiu bem nas minhas curvas. Tinha que descer e quebrar tudo naquela pista! Foi isso que eu fiz! Como eu já disse, estava tudo perfeito... TU-DO! Tudo mesmo? Não. O espaço de Flávio estava ali, inocupado. Era ele quem alegrava as minhas festas e quem sempre pegava as mais gatas de lá... Garanhão. Era o meu primeiro aniversário sem ele, o boboca que eu passei os melhores momentos da minha vida. Ele já me viu só de calcinha [até os 8 anos eu andava assim direto], a gente já brincou de casar, eu entrava com as flores falsas que tinha na sala dele, e com um vestido feito dos lençóis da cama dele... VOU DESOPILAR – pensei. Parei com toda aquela nostalgia e voltei a dançar. De repente, vem alguém por trás, vedando meus olhos e dizendo “Adivinha quem é!” (...) Nem acreditei, era meu amigão, o Flávio! Ele tinha voltado.. Sim, só podia ser ele, ele sempre fazia isso quando chegava de surpresa. E outra, o cheiro dele é conhecido. “Pensou que eu não vinha, hein? Como eu perderia teu aniversário, menina? ... Ei, que vestido é esse? Você ta maravilhosa, Gabi” eu sabia que estava bonita, mas quando ele disse isso... Nossa, a “casa caiu” pra mim, fui ao céu e voltei. E ele também estava um charme, roupa legal, belos sapatos. Hum, terno novo, deve ter comprado em Milão. E esses braços? Estavam mais grossos?! Será que ele tinha voltado a malhar?! Barba feita.. Boca super-recheada com dentes brancos, lábios carnudos... EI, O QUE EU ESTOU PENSANDO? Era a primeira vez que eu pensava nele dessa forma, como homem, homem pra mim. Muitos olhares, nenhuma palavra, um beijo. Não entendi direito, mas dei. Ele também não entendeu, é tanto que ele parou, olhou pra mim com um olhar de espanto e.. SMACK, mais um beijo, e dessa vez foi bem melhor. O Dj camarada até mudou o estilo de música, colocou uma mais calma, romântica, pra combinar mais com o clima. Nossa, que beijo bom! Não acredito que eu “perdi” tanto tempo com os outros tendo Flávio sempre ao meu lado. O homem dos meus sonhos esteve comigo durante toda a minha vida e eu só fui perceber naquele instante. (...) Casamo-nos. Procuramos manter as tradições: meu vestido foi bem simples, como o lençol da cama dele, o buquê foi artificial e com a mesma cor das rosas que usávamos ao encenar o casamento, quando éramos crianças. Amanhã comemoramos 13 anos de casados. Costumamos jantar na quadra que a gente se conheceu, todos os anos foi assim, creio eu que esse ano não vai ser diferente. Nossa filha, Renata, também gosta muito de lá. Ela vive lá, foi lá que conheceu Tiago, um novo amiguinho, e não desgrudam mais... Acho que já conhecemos essa história! Enfim, hoje, além de ter ao meu lado um esposo, também tenho o meu melhor amigo. Pra quê melhor? Depois dizem que “amigo é amigo, e só”. Detesto esse “só”, a frase e a vida ficaria mais bonita se fosse “amigo é amigo, mas pode ser paquera, namorado, esposo, irmão, primo, cunhado...” concorda? O amanhã é tão incerto, hoje você pode ter um amigo, amanhã ele já pode ser seu namorado, e depois seu esposo... Vai saber.

Por Gabriela, 43 anos [mas com corpinho de 30].

1 comentários:

Unknown disse...

Nossa que Liiinda historia ate me emocionei
queria que continuasse podia ate escrever um livro
simplismente ameiii de coraçao
parabens pelo casal
eu tenho meu melhor amigo e sinto algo por ele tbm mais sera que vai acabar nisso?
eu queria que siim pois aquele melhor amigo é nele que agente confia
ADOREI O TEXTO ADOREI DE MONTAO MSM !!!
show...